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“Não basta ser legal”

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“… não devemos supor que, mesmo se tivermos sucesso em tornar todas as pessoas em seres humanos bons, suas almas estarão salvas. Um mundo de gente boa, contente consigo mesma, que não olha adiante, distante de Deus, seria tão desesperadamente necessitado de salvação, quanto um mundo miserável – e talvez fosse até mais difícil de ser salvo.” C.S.Lewis em Cristianismo Puro e Simples

Pessoas contentes consigo mesmas, satisfeitas com seus desempenhos e com seus níveis de bondade, tendem a querer impor aos outros seus próprios padrões subjetivos de moralidade. Elas tem a si mesmas como ídolos, pois se curvaram diante do ‘eu quero’, ‘eu posso’, ‘eu sou boa o suficiente’ e por fim o ‘eu sou tão boa que você tem de ser como eu e pensar como eu’. Elas fazem o que ‘é certo aos seus próprios olhos’ e não satisfeitas com isso, exigem que todos os outros também hajam conforme seus padrões. Elas se fizeram deusas e querem ser adoradas. Elas não amam Aquele que as deu vida, na verdade elas rejeitam tudo que as limitam e, não satisfeitas, tomam mentiras e as disseminam como verdades absolutas, a fim de justificarem seus comportamentos autocentrados. Elas não aceitam um ‘não’ ou um ‘eu discordo de vc’, o que falar então de um ‘vc está errada’?! Elas se tornam ídolos de si mesmas, vivendo para satisfazer os desejos de seus corações corrompidos e para impor seus padrões subjetivos aos demais. Sabe quem também agiu assim? Hitler. Taí um típico exemplo de alguém que viveu conforme o que era certo aos seus próprios olhos, que seguiu seu coração e que conseguiu convencer tantos outros disso, impondo, ditatorialmente suas idéias aos discordantes. Quanta destruição e atrocidades resultaram desta mentalidade. Isso deveria lhe causar temor! Por que não ir até o Criador e clamar por discernimento quanto ao certo e ao errado? Quanto ao que é verdadeiramente bom para nós e para o nosso próximo? Não! O seu antropocentrismo (ou, até mesmo, um “eucentrismo”) não permite isso! Para a grande maioria, o homem é a medida de todas as coisas e não Aquele que o criou.

Duvide se si mesmo! Sei que isto é completamente contra-cultural, pois vivemos na sociedade do coach que lhe diz: “Acredite é hora de vencer, essa força vem de dentro de você”. Eis aí a geração que cresceu ouvindo “Tudo o que eu quiser o cara lá de cima vai me dá”, ou “tudo pode ser, só basta acreditar”, ou ainda “nós somos invencíveis, pode crê”. Seria um triste fim, mas o fim ainda não é hoje! Renda-se ao Senhor que fez os céus e a terra, e Tudo o que nela há, inclusive você. Ele está de braços abertos para salvar. Busque-o hoje, agora! Creia e serás salvo! Deixe para trás o Caminho Largo, com seus padrões que conduzem a destruição. Escolha entrar pela Porta Estreita, a qual lhe conduzirá pelos padrões de Deus que lhe garantem vida em abundância e eterna, a qual se abrirá a todo aquele que se achegar em arrependimento e fé.

“Assim, no passar do tempo, Cristão chegou à Porta Estreita, por cima da qual estava escrito: ‘ Batei, e abrir-se-vos-a’. Ele bateu mais de uma ou duas vezes, dizendo: ‘Posso agora entrar? Indigno como fui? Será que para mim, a Porta abrirão? Não sou merecedor, tão rebelde fui. Mas cantarei eterno louvor e gratidão.’ Finalmente, veio à Porta uma pessoa séria, cujo nome era Boa-Vontade. Esta pessoa perguntou quem estava ali, de onde viera e o que desejava. Cristão respondeu: ‘Aqui está um pobre pecador carregando um fardo. Venho da Cidade da Destruição, mas vou ao Monte Sião, para que eu seja livrado da ira vindoura. Fui informado que o Caminho para lá é por essa Porta. Senhor, desejo saber se o senhor se dispõe a me deixar entrar?’ Boa-Vontade respondeu: ‘Pois, não. De todo coração. E abriu a Porta.'” John Bunyan, em O Peregrino.

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Sobre uma visão antropológica

Alguns pensamentos têm insistido em minha mente. Tratam-se de colagens de provocações ouvidas aqui e ali, as quais me levam a refletir a cerca da visão antropológica atual. Minhas percepções são de que o ser humano tem um conceito extremamente positivo sobre si mesmo, caracterizado por uma autovisão heróica-hedonista, acho que até “nietzscheana”, no sentido em que cada um se vê como “super-homem” e se coloca como medida de todas as coisas. Para tais, seus valores são considerados tão transcendentais e incorruptíveis, que não deveriam ser submetidos a quaisquer questionamentos. Diz-se de si mesmo: “Eu e todos os meus anseios são bons”. Obviamente, trata-se de um ponto de vista genérico, contudo as consequências de tais pensamentos afetam a todos, incluindo aqueles que destoam destes padrões. Dentre estes, estão os seres humanos ordinários (comuns), passíveis de acertos e de erros e que, por conservarem a consciência de tais limitações, mantêm-se abertos a um diálogo proveitoso. Estes são constrangidos por aqueles que se consideram “príncipes na vida” (parafraseando Fernando Pessoa), ídolos de si mesmos. Pouco sabem que isso os desumanizam e lhes conferem fardos que não podem suportar. Nestas horas me recordo do trecho de O Peregrino onde ele descobre a alegria e o alívio de se vê sem o fardo, o qual rolou de suas costas ao encontrar a Cruz:

“(…) no exato momento em que Cristão se deparou com a Cruz, o fardo caiu de suas costas e começou a rolar, continuando até que alcançou a entrada do sepulcro; caiu lá dentro, e não mais o vi.” (O Peregrino – John Bunyan)

Desde o Éden o homem tem cedido à mesma tentação, a de querer “ser como Deus” (Gênesis 3). Ele é onipotente, onipresente e onisciente. Ele é quem sonda os corações e determina todos os nossos dias no seu Livro, antes de qualquer deles existir (Salmo 139.16). Ele rege a história e escreveu a última página! Nós não temos este conhecimento e portanto devemos nos submeter a sabedoria de Deus revelada em sua Palavra, para obtermos uma visão correta sobre quem nós somos. O pecado desumaniza o ser humano. Não somos “super-homens” ou “mulheres-maravilha”. Nós somos fracos, sentimos dor, sono, fome, frio, cansaço, temor, ira. Nós sorrimos e choramos, nos regozijamos com a comunhão, mas também buscamos solitude. Reconhecer nossas limitações é assumir que somos humanos.

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